Tem que ser Real!

*Texto por Daniel Carvalho

Pára, analisa e pensa: cenas de um casal “encenando” uma corrida na praia, uma cena romântica onde a mulher apoia a mão no peito do parceiro que “elegantemente” a inclina e a beija ou olhando pra câmera mandando aquele texto decorado, não ficam RIDÍCULAS?

Salvo raras exceções como Gui Dalzoto, Erik Marreiro e outros titãs dos filmes de casamento, que descobriram técnicas para fazer com que cenas “fictícias” fluam e aconteçam de forma que não pareça uma peça teatral, tudo que você pedir pra que pessoas comuns façam diante das câmeras, vai ficar duro e falso.

Se você quiser seguir pelo caminho de introduzir cenas de ficção no seu filme, há de se estudar com esses caras ou então ao menos entender qual foi o caminho que eles percorreram para chegar aos resultados que eles hoje obtém. Isso seria executar o que eu chamaria de uma façanha, que é a arte de fazer com que não atores gerem cenas quase reais.

RETRATAR AS PESSOAS COMO ELAS SÃO

Existem uma série de formas e técnicas de fazer a magia acontecer, um dos maiores exemplos brasileiros é o diretor Fernando Meirelles, que brilhantemente com sua equipe, produziu cenas com um teor de realidade poucas vezes visto no cinema com o filme Cidade de Deus, dirigindo em grande parte ações e diálogos fortíssimos com não atores!

Esse teor de realidade pode ser contemplado com um teor bem parecido em obras como Pixote e Tropa de Elite, que tem um fator em comum que os uni: a preparadora de elenco Fatima Toledo. Logo, um caminho possível é fazer os cursos dela e se aproximar de seu trabalho que, está ao alcance de qualquer cidadão de Pindorama.

O que venho propor então é seguir o caminho mais fácil, mais óbvio, e captar a realidade, o que realmente acontece, as coisas, as pessoas e os acontecimentos assim como eles são, ja que essa é a matéria prima abundante em todo casamento.

FILMES CONSISTENTES

No sentido do tema da palestra que será sobre a “Produção de Filmes Consistentes”, vamos analisar também, quando as cenas que produzimos para compor nossos filmes, ultrapassam essa linha tênue entre o belo e o ridículo. E vamos observar que isso acontece quando perdemos mais uma vez o foco, perdendo a atenção em todas aquelas histórias com cenas lindas e emocionantes que surgem naturalmente em casamentos, pra querer ser mais protagonista no filme que os próprios noivos, criando então, muitas vezes, cenas fracas e sem emoção.

Na palestra que ministrarei no Núcleo de Video, vamos falar desses e de outros grandes pecados que não podemos cometer, fatores que devemos estar atentos e vigilantes durante toda a construção de nossos filmes, para não quebrar a magia e o envolvimento do publico com nossas obras!

SOBRE DANIEL CARVALHO

Daniel carvalho emprega o estudo da cinematografia, artes, filosofia, ciência, engenharia e tudo pra onde a vida o leva pra somar conhecimento em prol de criar filmes que cumpram a função requerida por cada cliente (contar uma história, mostrar um trabalho, vender um produto). Mas também tem uma grande preocupação com a beleza, em encher os olhos de quem assiste aos nossos trabalhos com imagens belas e agradáveis.

"Buscamos fazer filmes com imagens muito bem cuidadas, que carregam um olhar preocupado em transportar nosso espectador para o mais próximo possível do assunto, da mensagem, do produto ou da história. Sentir, pensar, enquadrar e gravar! Esse é o nosso fluxo."